domingo, 19 de junho de 2011

Capitulo 5


Capitulo 5

A noite já estava alta quando os olhos do vampiro se abriram em seu grande caixão sombrio, as íris vermelho-escuras logo assumiam o tom negro comum enquanto a tampa era destravada e aberta. Estava em sua sala privada, a câmara ao qual realizava seu repouso durante o temido dia com o grande astro rei nos céus.
Leon observava Priscila adormecida ainda no caixão de ferro puro reforçado com travas de liga de titânio. A mulher tinha o corpo magro e a pele era pálida, com os cabelos lisos e loiros cortados a altura dos ombros, seus seios eram relativamente grandes demais para o corpo esguio, mas ele preferia assim.
Leon era o senhor da grande capital paulista, o rei da grande São Paulo como gostava de se intitular, era alto e magro, os cabelos escuros e longos sem corte lembravam um roqueiro ainda mais com as roupas negras. Rapidamente deixava o caixão caminhando pela sala de piso frio, não havia nada ali naquela grande sala além do caixão de ferro e uma pequena geladeira de onde retirava uma bolsa de sangue. A pesada porta era destrancada e aberta, dali se via uma sala ampla e larga com vários caixões simples de madeira, a maior parte destampados e vazios, o que indicava que seus donos já haviam despertado.

- Maldição...

Praguejou o vampiro por ter despertado após tanto tempo do por do sol, já eram quase nove da noite. Leon seguia para a próxima sala onde alguns de seus fiéis lacaios o aguardavam.

- Boa noite, meu senhor... – Dizia o primeiro dampiro ao avistar seu mestre seguido pelos demais, havia ali ao todo dezoito dampiros, dez homens e oito mulheres, todos reverenciavam o ser noturno que adentrava a sala.

- Onde estão Igor e seus homens? – Perguntava Leon ainda com o leve tom de irritação em sua voz. – Seus caixões estão vazios... Havia dado ordens para ninguém deixar o ninho...

- Meu senhor – Começava o dampiro que havia cumprimentado Leon primeiro. Era Rodolfo, um homem alto e magro com cabelos curtos e escuros. Usava vários brincos em cada uma das orelhas. – Igor esta nos limites do território, observando o movimento dos lobisomens na entrada da cidade...

- Ainda tenho mais este inconveniente... Entre em contato com ele, diga para retornar imediatamente...

- Sim meu senhor...

O homem se curvava perante Leon que seguia pela escadaria de ferro subindo para o andar térreo da casa onde seu ninho era formado, estavam em uma das varias mansões no Morumbi, uma casa grande e luxuosa que nada mais era fachada para o maior ninho de vampiros de São Paulo.
No grande escritório do andar térreo, o rei analisava as manchetes dos jornais e buscava informações na internet. A garota do ataque ainda estava hospitalizada, relatos sobre um imenso animal em uma das avenidas da periferia da cidade. Uma foto havia sido tirada em um celular, não era nítida, mas era suficiente para se ver uma enorme criatura de pelos negros.


- Puro Sangue...

Era tudo o que vinha em sua cabeça, um maldito puro sangue. Provavelmente estava em sua primeira lua, os três que enviara para rastreá-lo não voltaram. Idiotas, tinha dado ordens explícitas para não se aproximarem, puro sangues são extremamente perigosos, com toda a certeza foram destroçados. Bem feito, pensava o vampiro, apático.
Mas para onde ele havia ido? Esta era a grande pergunta que martelava a cabeça de Leon. A lua cheia já havia passado, o recém desperto não saberia dominar seus poderes, era o melhor momento para se livrar dele, mas ele sumira, nem mesmo Priscila com seus feitiços estava sendo capaz de rastreá-lo.
Teria simplesmente deixado São Paulo? Seria fácil demais e ainda havia o inconveniente de dois lobisomens que Priscila detectara quando tentara rastrear o puro sangue na noite passada. Outros puros sangues, possivelmente haviam visto as matérias nos jornais e afins, deduziram como o próprio vampiro que ali havia um lobisomem. Tudo que precisava era de uma alcatéia em sua cidade, uma luta por território era tudo o que não queria naquele momento. E ainda havia os caçadores. Tivera problemas com eles há alguns meses, perdera metade de seu ninho, ainda estava se restabelecendo naquele momento. Eles veriam as matérias e poderiam aparecer atrás do lobisomem, e porque não acabar com alguns vampiros de brinde.

- Ainda preocupado, meu amor?

A voz de Priscila trazia Leon de volta de seus pensamentos, estava parada a porta do escritório vestindo uma calça escura, jaqueta e botas, os olhos azuis claros estavam fixos no rosto de feições fechadas de seu companheiro e senhor.

- Esse vira latas miserável tinha que escolher a melhor hora e local para despertar, não é mesmo!... Agora tenho dois outros puros sangues rondando a cidade e uma possível licantropa hospitalizada... Além da possibilidade de caçadores estarem rondando a cidade por causa dessa divulgação toda... Não é motivo de sobra para estar preocupado?

Leon possuía um tom áspero na voz, mas Priscila nem mesmo se importava, logo suas finas mãos estavam sobre os ombros de Leon os massageando.

- Acalme-se, meu amor... Não detectei mais o desperto, acredito que ele tenha deixado a cidade... Os dois que estão a sua procura logo partiram ao verem que ele não estava aqui... A garota... Temos até a próxima lua cheia para cuidar dela, isso se nenhum caçador o fizer por nós...

- Restringi a caça de meus homens, tenho vários recém-criados aqui, sabe o quanto eles são sedentos e instáveis... Ninguém gosta de ficar bebendo sangue de bolsas... Mas devemos chamar o mínimo de atenção... Não estamos em condições de novos conflitos...

Priscila parava a massagem, envolvendo o pescoço de Leon com seus finos braços e beijando o rosto do vampiro.

- Esta sendo cauteloso, meu amor... Tomaremos todas as medidas necessárias para manter tudo em ordem... Não há razão para se preocupar...

- Veremos... Veremos... Assim espero...

Os olhos de Leon estavam fixos na tela do notebook sobre a mesa. Nela havia a foto sem foco do grande lobisomem negro.

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