sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Capitulo 1


Capitulo 1

Mesmo durante o sono as imagens não deixavam a mente de Victor, ao contrario, se tornavam mais nítidas, perdendo a nebulosidade que as mascaravam enquanto desperto, o cão que latia e fugia desesperado enquanto seu dono gritava em dor, os gritos da mulher no beco abafados pelo rugido, os rosnados, o sangue, tudo era mais nítido. A tentativa de fuga de tudo aqui se mostrava o oposto, tudo era mais nítido, mais visível, mais detalhando, ate mesmo o enorme vulto de olhos dourados visto na grande possa de sangue formada no beco escuro onde o casal fora destroçado.
O rapaz despertava em sua cama de forma assustada, a toalha cobria-lhe a parte da cintura escondendo sua genitália, o corpo estava suado porem não tão pesado como antes do sono, Victor levanta-se olhando para o relógio, era dez pra sete da noite, havia dormido o dia todo... Maldição pensava, que estranha maneira de aproveitar as férias tão almejadas...  Havia planejado viajar, o lugar não definido, pois o combinado era Aline escolher... Maldição novamente... Havia desligado o telefone na cara dela e sumido pelo dia todo o que com certeza a tinha deixado furiosa. Levanta-se da cama caminhando ate o interruptor na parede acendendo as luzes do quarto simples porem confortável, Victor era do tipo que dava mais valor a conforto do que beleza, um simples analista de sistema de uma empresa de porte médio, namorava a mais de quatro anos e possivelmente não escaparia do noivado no final do ano, isso se Aline não o matasse antes, mas afinal, ele mesmo não sabia o que estava acontecendo, e ele mesmo também queria descobrir o que havia acontecido consigo na noite passada.
As luzes eram acesas o forçando a fechar os olhos por um momento com o clarão que se seguia, mesmo com o cômodo apagado ele podia ver com certa facilidade e agora a luz o incomodava por alguns momentos ate os olhos se acostumarem, sua visão parecia melhor, podia ver detalhes mais nítidos, por fim seus olhos se fixavam na imagem do espelho fazendo-o congelar na visão refletida no objeto. Ele mesmo.

- Os treinos estão fazendo efeito mesmo... – Dizia a si mesmo enquanto via o homem de musculatura mais avantajado no espelho. – Vão falar que eu to tomando bomba... Saco...


Os olhos percorriam o corpo, o peito mais estufado, os bíceps e tríceps mais volumosos, o abdômen estava mais desenvolvido e rígido, deixava a toalha cair examinando o resto, as pernas mais torneadas, as coxas definidas parecia quase ter dobrado de tamanho, por fim os olhos recaíam ao meio de suas pernas enquanto ria levemente.

- Hahaha... Pelo menos sou eu mesmo em alguma coisa... Acho que a Ni ia reclamar se isso ficar maior...

O sorriso desaparecia, Ni, Aline... Rapidamente Victor procurou o celular no criado mudo, sem chamadas ou mensagens, foi ate a sala e olhou a bina do telefone da residência, sem ligações, mau sinal, ela estava realmente brava, e de certa forma com motivos de sobra. A pergunta agora era o que fazer, talvez uma cesta de café da manhã para a casa dela e flores para o seu escritório... Não... Ela poderia achar que isso significava que ele tinha culpa no cartório. O jeito era tentar não pensar naquilo no momento o que fazia Victor ir para o banheiro, um banho quente sempre lhe ajudava a relaxar. 

A água descia lentamente pelo corpo, quanto tempo esta ali, quase meia hora, talvez um pouco mais, já havia tomado banho tirando todo o suor de seu corpo, estava apenas relaxando, as imagens não voltaram a sua mente após o despertar e agradecia muito pelo fato tentando não se lembrar de nada do que sonhara em um sonho onde suas visões eram mais nítidas, mais detalhadas, Victor remexeu a cabeça de um lado para o outro como se tenta-se espantar qualquer pensamento relacionado com aquilo de sua mente, fechou o chuveiro e se enxugou deixando a toalha no banheiro mesmo, vestiu apenas uma bermuda leve no quarto seguindo para a cozinha, precisava comer algo, mas antes também tinha de arrumar a bagunça da sala, o que fez com que parasse no meio do caminho, os olhos fixos as marcas de garras no taco da sala.

- Saco... Mas um motivo pra Ni brigar comigo... Justo este tapete... Que merda...

Ligou a TV deixando no jornal enquanto juntava  os trapos que antes foram o tapete que ganhara da namorada quando comprara a casa a dois anos atrás, ele mesmo não gostava daquele tapete, simplesmente por ser um item dispensável no seu padrão de decoração, mas Aline gostava, fazer o que.

- ....

Tudo parava, os pedaços do tapete iam ao chão, os olhos fixos ao noticiário, a noticia de um casal encontrado em um beco escuro, possivelmente atacados por um animal de grande porte dizia o comentarista. As imagens voltavam a sua mente, não, tinha que se manter lúcido, precisava ver a noticia, o comentarista prosseguia: Dois corpos mutilados encontrados em um beco hoje pela manha por moradores de rua que assustados haviam parado uma viatura que passava... Tudo indicava se tratar de um casal, porem seria necessário exames de arcada dentária ou DNA para se identificar os corpos tamanha a brutalidade que sofreram, a repórter no local dava informações que os peritos citavam como um ataque de animal de grande porte, o que era ridicularizado por um dos comentaristas, a TV era desligada.

- Jesus Cristo...

Victor se levantava, ate o momento petrificado no chão, sentia uma gota de suor frio escorrer pela face, se sentia tonto, o corpo pesado, o ar lhe faltava, foi direto para a varanda abrindo a porta e saindo para o pequeno quintal da propriedade.

- Merda... Merda... Mas o que diabos esta acontecendo...?

Respirou fundo sentido o ar noturno entrar em seus pulmões, as imagens tentavam voltar a sua mente e Victor se concentrava em expulsa-las, a cabeça alta, sentia o corpo estranho, mais leve, mais forte, os olhos se abriram e avistou a lua cheia no belo céu noturno. Tudo parou naquele momento.
O corpo petrificado com o olhar fixo a grande lua no céu, sentia sua luz invadindo seu corpo, despertando algo dentro de sua alma, todos os pensamentos, preocupações, lembranças desapareciam da sua mente, o corpo tremia e por fim explodia, Victor urrava caindo de joelhos ao chão em enterrando as mãos na grama, as unhas cresciam sobre a forma de garras, os músculos pareciam explodir ganhando volume, urrou, não urros humanos, mais sim bestiais, os sentidos se intensificam, o coração preste a explodir pela velocidade que bombeava o sangue, cada músculos e osso doía, estavam se rompendo, se intensificando, mudando, ficando maiores e mais fortes, do short somente trapos sobravam ao chão, Victor se erguia ganhando altura e volume, o corpo quase sem pelos agora se recobria de uma densa pelagem escura que crescia e ganhava volume por todo o corpo.  Tentava gritar, pedir socorro, mas tudo o que saia eram grunhidos da boca deformada onde os dentes se afiavam enquanto o maxilar se quebrava para os ossos tomarem uma nova forma tornando-se um lobo focinho, tudo mudava em seu corpo enquanto sentia sua mente sendo envolvida e tragada pela escuridão dando lugar a fera.
A lua estava alta e Victor agora a encarava, não mais como o era, e sim sobre a forma do imenso lobo de mais de dois metros e olhos dourados, estava ereto sobre as patas traseiras, o enorme corpo musculoso coberto pela grossa pelugem negra, a fera abria o enorme focinho expondo os dentes pontiagudos e afiados como navalhas, o uivo ecoou pela noite.
Era noite de lua cheia. Era a noite do Lobo. O momento do Lobisomem.

Um comentário:

  1. Cara, você escreve bem, mais não pude deixar de notar certos erros de portugues, a colocação de uma virgula, uma palavra escrita errada...Mais a História é muito boa, Parabéns.

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